domingo, 1 de agosto de 2010

A Prece




"A lua nova chegou, foi e voltou de novo. Nessas noites não conseguia dormir. Em vez disso sentava-me à janela onde ardia a vela e pensava na pequena criança que me estendera a mão na escuridão, no pesadelo. Não me deixes. Na minha mente pegava naquela criança, que também era um homem e rodeava-a com os braços, apertando-a contra o meu coração, até que as primeiras luzes da alvorada tocavam o céu. E se bem que nunca falasse em voz alta, falava com ele constantemente através das sombras que o rodeavam. Estou aqui. Não tenhas medo. Eu abraço-te. Eu não te deixo. Por fim, chegava a madrugada. O Sol nascia e começava um novo dia. Dizia-lho; e quando havia luz suficiente para ele ver por onde ia, apagava a vela, tocava na pena de corvo gentilmente com a ponta dos dedos e saía, bocejando, para começar um novo dia de trabalho."

O Filho das Sombras, Juliet Marillier.

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