domingo, 1 de agosto de 2010

A Vela




"No dia seguinte ao meu regresso a casa fiz uma vela. Nada de extraordinário; tal trabalho fazia parte do dia-a-dia de uma casa. Mas era suposto eu descansar. A minha mãe inspeccionou o meu quarto, mandou varrer o chão, esticou-me a colcha e foi ter comigo à ervanária, onde eu estava a trabalhar, com o cabelo lavado de fresco e apertado atrás com uma fita. Se viu os meus lábios inchados e pisados, se reconheceu marcas de mordidelas no meu pescoço, não fez qualquer comentário. Em vez disso, observou as minhas mãos enquanto desenhavam num dos lados da cera, metodicamente, um intrincado desenho de curvas, espirais e tracejados. O outro lado ficou liso. Eu não disse nada. Quando acabei, para minha satisfação, coloquei-a num robusto suporte, em volta da base atei a tira de pele com unhas de lobo e uma pequena grinalda que entrançara. Por fim, a minha mãe falou.

Esse sortilégio é muito poderoso. Cornizo, milefólio e zimbro. Maçã e alfazema. E isso são penas das asas de um corvo? Onde vai esta vela arder, filha?

Na minha janela."

O Filho das Sombras, Juliet Marillier.

2 comentários:

  1. O pai tem razões para estar babado!!!
    Muito bem!!!
    Excelente template que usas no blog, excelente fotos, e sim de facto cada vez estás mais bonita!!!

    Abraço-te

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  2. Muito Obrigada pela simpatia e pela visita!
    Seja sempre bem vindo!
    Um abraço também!

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